Deixá-la ir, a vela, que arrojaram
Os tufões pelo mar, na escuridade,
Quando a noite surgiu da imensidade,
Quando os ventos do Sul se levantaram...
Deixá-la ir, a alma lastimosa,
Que perdeu fé e paz e confiança,
À morte queda, à morte silenciosa...
Deixá-la ir, a nota desprendida
D'um canto extremo... e a última esperança...
E a vida... e o amor... deixá-la ir, a vida!
1864.
XVII
A CARLOS BAUDELAIRE
(AUTOR DAS «FLORES DO MAL»)
Ó Carlos Baudelaire! ó poeta impassível!
Fino lábio a sorrir, sob um estranho olhar!
Tua boca descreve o criminoso, o horrível,
Enquanto a tua voz parece só cantar...
Indiferente vais, como a desdém, pisando
Um chão de vício e horror, com passo virginal.
Na tua mão gantée trazes, como brincando,
Um sinistro bouquet, a negra flor do mal!