VI
Que sede! bebi teus olhos...
Dentro nasceram-me flores!
Aos tragos bebi tua alma...
Dentro me brotam amores!
Bebi também teus cabelos
E eles, por mago condão,
Em meu peito se tornaram
Fibras do meu coração!
As palavras que segredas
Dentro fizeram-se aroma.
Relíquia, e óleo que eu guardo
De meu peito na redoma.
O mundo agora é vazio:
Ele era taça de Rei
Que te continha; ei-la inútil
Agora que a despejei.
Bem m'importa a mim o mundo!
Se quero ouvir o rumor
Dum universo - inclinando-me,
Ouço, dentro, o meu amor!
Vê tu pois, filha, que treva
E que silêncio há-de ser,
Se algum dia esse universo
De repente emudecer!