E o nada, que me abriu no peito e, feito imenso,
O encheu, bem como um vaso, abrindo, encheu a flor,
Há-de alagar teu peito e ser do templo incenso...
Mulher! hás-de escutar, que eu vou falar d'amor!
*
Falar d'amor?!... se ele é como uma essência,
Que nos perfuma, sem se ver de donde...
Se ele é como o sorriso da inocência,
Que inda se ignora e, p'ra sorrir, se esconde...
Se é o sonho das noites vaporoso,
Que anda no ar, sem que possamos vê-lo...
Se é a concha no oceano caprichoso,
Se é das ondas do mar ligeiro vê-lo...
Se é suspiro, que oculto se descerra,
Se escuta, mas se ignora de que banda...
Se é estrela, que manda a luz à terra,
Sem se ver de que páramos a manda...