Ah! deixa correr teu pranto
Sobre o chão do lupanar...
É sementeira de dores
Que andas, triste, a semear.
Mas passe o inverno por cima...
Que a primavera há-de vir!
As dores, que tu semeias,
É no céu que hão-de florir!
Oh! há lá quem conte as lágrimas
Que aqui se vão a chorar!
Debaixo de nossos olhos
Anda-as Deus sempre a aparar…
Eu creio na providência!
O tronco seco da cruz
Rebenta no paraíso
Para dar flores de luz!
Às faces que empalidecem
Há-de as Deus inda corar
Com o reflexo dos círios
Que ardem lá no seu altar!
E se os olhos se anuviam
Escurecendo-se - Deus
Faz dos escuros da terra
A aurora eterna dos céus!
1863.