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Este insulto directo, e fundamentado, ao visconde do Prado, fez ruído em Lisboa. As edições do jornal espalharam-se, e leram-se e comentaram-se com frenética maldade.
Às mãos de Laura chegou este jornal. Sua mãe, ouvindo lê-lo, delirou. A filha cuidou que sonhava; e a situação de ambas perderia muito se eu tentasse roubar-lhe as cores vigorosas da tua imaginação.
No dia seguinte, Josefa e Laura entravam no palacete do visconde do Prado. O porteiro respondeu que S. Exa não estava ainda a pé. Esperaram. Às 11 horas saía o visconde, e, ao saltar para a carruagem, viu duas mulheres que se aproximavam. Meteu a mão ao bolso do colete, e tirou doze vinténs que lançava na mão de uma das duas mulheres. Olhou admirado para elas, quando viu que a esmola lhe era recusada.
- “Que querem” - interrompeu ele, com soberba indignação.
- “Quero ver meu marido que não vejo há 26 anos...” - respondeu Josefa.
O visconde estacou ferido de um raio. O suor gotejava-lhe na testa em bagas frias. Laura aproximou-se, em atitude de beijar-lhe a mão...
- “Pois quê?...” - interpelou o visconde.
- “Sou sua filha...” - respondeu Laura com humildoso respeito.
O visconde, aturdido e parvo, voltou as costas à carruagem, e mandou às duas mulheres que o seguissem.
O resto no correio seguinte. Adeus, Carlos.
Henriqueta.”