– Raios partam a cadela! Isto é agouro! – exclamou a dona da casa, remessando-lhe um canhoto às pernas com grande cólera.
– Sua filha está enfeitiçada, tia Maria – prosseguiu a outra.
– Eu já a levei ao Sr. São Bartolomeu – contraveio Maria.
– O santinho tira o cão tinhoso, mas não desfaz os bruxedos – replicou Rosária Tocha. – Vamos ver se ainda lhe podemos valer.
– Deu-lhe pra inchar! – observou a mãe da enfeitiçada.
– Não qu’ele é isso quando o feitiço adrega de pegar d’ostrução – explicou suficientemente Rosária.
– Vejam vocês! – volveu a outra assombrada, cruzando os braços. – Quem ma tolheu?
– Isso agora! – e olhou para o tecto. – Vamos. Leve-me onde a ela, que eu preciso requerê-la. Aqui levo as arrelíquias p’ra lhe deitar ao pescoço.
E mostrou dependuradas de um negalho surrado e sebáceo as seguintes, entre outras coisas cabalísticas: duas figas de azeviche, duas pontas de vaca loira, um canudinho de latão como um agulheiro, outro como um dedal, o sino-saimão aberto em placa de chumbo.