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Capítulo 2: Capítulo 2

Página 33

– Pois é verdade, e a rapariga teve bons casamentos falados, e lá quem na tirasse das suas devoções, de ir lavar ao rio e de guardar as ovelhas era matarem-na. Pois olhe que esses feitiços são invejas das desavergonhadas que não podiam levar à paciência a virtude da minha Josefa. Havia de ser a brejeira da Rosa da Fonte e aquela tinhosa da Bernarda do Manel Zé! Cala-te, boca! Enfim, vossemecê agora há-de mastigar um bocado de presunto para beber uma pinga do velho.

– Deus lho acrescente, Sr.ª Maria: eu jejuo para ganhar o jubileu. Vou-me indo que são horas. Adeusinho, se for preciso que eu cá torne, não tem mais que mandar-mo dizer.

Maria galgou as escadas, e foi topar a filha sentada na cama a desengrenhar os seus loiros e bastos cabelos com uns meneios largos de braços e um atirar de tranças para trás que parecia uma alegre amante a pentear-se para ver passar o noivo amantíssimo.

– Ora ainda bem! – exclamou a risonha velhota. – Foi o meu padre Santo António que trouxe cá a santa da mulher! Vais-te prantar a pé, rapariga? Há cinco semanas, fá-las amanhã, que não sais desse ninho! Queres tu comer? Vou-te buscar uma tigela de caldo, uma posta de presunto e um pichel de vinho. Bebe-lhe, cachopa, e mal hajam as invejosas que te fizeram a mandinga. Hão-de roê-la! Sabes quem foi?

– Quem foi o quê, senhora mãe?

– Quem te fez o feitiço? Ninguém foi senão a Bernarda do Manel Zé que te veio aqui pedir um dia – lembras-te? – o teu jaqué amarelo com botões azuis. Foi para te fazer o feitiço no jaqué.

– Àgora foi, coitada da pobre rapariga que é tão boa! – contradisse Josefa.

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Capa do livro Maria Moisés
Páginas: 86
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