Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 2: Capítulo 2

Página 35

– Que tens, mulher? – bradava a mãe, seguindo-a espavorida naqueles trejeitos frenéticos. – Dói-te alguma coisa?

– Tenho uma dor muito grande... muito grande...

E, como se levasse as mãos aos quadris no ímpeto da dor aguda, a mãe quedou-se como estupefacta a olhar para ela. Neste instante fez-se-lhe luz na alma a um clarão infernal. Aqueles gritos e contorções recordaram-lhe que havia sido mãe: viu, como nunca vira, os sinais exteriores do crime nem sonhado; os modos suplicantes da filha confessavam o crime.

Fez-se uma desfiguração improvisa e medonha nas feições de Maria da Laje, quando, crescendo para a filha, com as mãos fincadas nas fontes, bramiu:

– Tu que tens? Tu que fizeste, amaldiçoada?

Josefa ajoelhou-se com as mãos no rosto lavado em lágrimas, e murmurou:

– Deixe-me chorar, minha mãe, que eu à noite vou-me embora.

– Vais-te embora, malvada? Então pra onde vais tu? Morta te veja eu antes de à noite! Pra onde queres tu ir? Quem foi que te botou a perder? Respondes, mulher perdida? Olha que se me gritas de modo que alguém oiça, dou-te com o olho de uma enxada na cabeça! Pois tu! Pois tu!... Ai que eu endoideço! ai que eu endoideço!...

E, com as mãos na cabeça, partiu a fugir escada abaixo, e foi sumir-se no palheiro, dando gritos com a cabeça, metida no feno para os abafar.

<< Página Anterior

pág. 35 (Capítulo 2)

Página Seguinte >>

Capa do livro Maria Moisés
Páginas: 86
Página atual: 35

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 42