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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 51

Quando os sinos de S. Salvador festejavam com três repiques o baptizado de Maria Moisés, os sinos de S. Aleixo dobravam a finados. A criança saía da pia baptismal, ao mesmo tempo que o esquife da mãe, posto no lajedo da igreja, entre quatro círios, era responsado por alguns clérigos que franziam os narizes ofendidos dos miasmas da carne podre. A opinião dos padres e dos assistentes ao ofício era que a suicida praticara aquele crime porque devia ter chagas de lepra que a corroíam. O vigário consentia que a enterrassem em sagrado, porque a moribunda, segundo o testemunho do moleiro, pedira fervorosamente a confissão.

Quando a família de Santa Eulália ia a caminho de casa com a afilhada, o cónego, ouvindo além-Tâmega o tanger a finados, disse:

– Uns nascem e outros morrem... Não saberei eu dizer quais são os mais felizes...

– Eu cá por mim antes queria nascer que morrer – disse D. Maria Tibúrcia com a energia explosiva dos dizeres sentenciosos e finos. Conversaram a respeito da enjeitada, até toparem um homem de Santo Aleixo a quem perguntaram quem lá morrera. Contou ele que se deitara ao rio a filha do João da Laje.

– A Josefa? – perguntou a Isabel, a mulher do Bragadas, que levava a menina. – Você que me diz, homem? A Josefa, que era a virtude em carne e osso! E então bonita, fidalgas? Faz prà Semana Santa dois anos que ela foi de Madanela na procissão do enterro. Ai, senhoras, que eu não quero que haja mais lindo anjo do céu!

– Por que se matou ela? – perguntou o desembargador.

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Capa do livro Maria Moisés
Páginas: 86
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