Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 3: Capítulo 3

Página 58

Uma noite, acorçoada pelo amoroso desvelo de Maria, a filha do Bragadas, com mais lágrimas que expressões, revelou que estava perdida, porque o pai de seu filho já não podia remediar a sua desonra.

A enjeitada quedou-se a olhar para Joaquina com muita tristeza e espanto. Do seu próprio nascimento inferia ela uma desgraça semelhante à de Joaquina; mas o pudor, a religião, a repugnância congenial da sua vida pura sofreram uma dor íntima com a inesperada confissão. O coração decerto as tinha, mas não lhe inspirou de pronto palavras confortadoras. Separou-se dela fundamente magoada e pensativa; mas não adormeceu. Alta noite ouviu ringir a porta do quarto de Joaquina. Ergueu-se alvoroçada pelo pressentimento de que a infeliz rapariga ia matar-se. Não a encontrou no quarto; correu à porta da sala de espera que ela nesse momento abrira. Reteve a desvairada, e disse-lhe abraçando-a:

– Aonde vais?

Joaquina, com a vista vaga e turva de quem chorou até que a demência lhe secasse as lágrimas, sentindo-se apertada ao seio daquela a quem se confessara mãe desonrada e perdida, balbuciou:

– Não diga a ninguém a causa da minha morte, que meu pai está muito acabado; e, se ele o souber, morre de paixão...

– Fala baixinho, que não ouça o senhor cónego – disse Maria apontando para o quarto do hóspede. – Vem para o meu quarto, Joaquina, e lembra-te que eu sou aquela enjeitada que teu pai pôs no colo de tua mãe quando tu lá estavas. Vem; e, se és minha amiga, não chores, nem me assustes.

<< Página Anterior

pág. 58 (Capítulo 3)

Página Seguinte >>

Capa do livro Maria Moisés
Páginas: 86
Página atual: 58

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 42