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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 65

Gonçalves Penha foi pressurosamente. Os dois velhos abraçaram-se a chorar. Reconheceram-se pela voz. Era tudo o mais uma transformação em que os vermes do sepulcro já pouco teriam que destruir. António de Queirós, o esbelto cadete de cavalaria que o outro conhecera de cintura feminil, e olhos negros docemente ameigados por alma apaixonada, era agora um ancião de grandes barbas brancas, olhos apagados, e faces angulosas, a tiritar de frio, no amplo casacão de baeta.

– Há quantos anos me não escreveste? – dizia Gonçalves Penha.

– Há trinta e sete anos. Recebi duas cartas tuas, que ainda tenho, datadas de Coimbra.

– Só duas? Escrevi-te mais; porém, depois que teu pai morreu me disseram teus cunhados que entre os papéis dele apareciam cartas que eu te escrevera falando daquela rapariga de Santo Aleixo. A omnipotência de teu pai chegou a subornar o fiel do correio de Vila Pouca de Aguiar. Parece-me – prosseguiu o desembargador reparando na comoção de António de Queirós – que ainda te sangra o coração...

– Ainda. Nunca, nunca se fechou a ferida. Está essa infeliz diante dos meus olhos como a vi, tal qual ela era, há trinta e oito anos. Que me dizias tu nessas cartas que eu não li?

– Posso lá lembrar-me agora!... Isso vai tão longe... Só me recordo... Deixa-me ver se reúno umas ideias vagas... Sim... eu mandei lá a minha caseira...

– Recordo-me, e Josefa respondeu alegremente que fugiria para o Enxertado na noite do dia seguinte; mas nesse mesmo dia à noite, 27 de Agosto de 1813, suicidou-se.

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Capa do livro Maria Moisés
Páginas: 86
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