Já dentro da barca, perguntou-lhe se aquela azenha ali estava há muito.
– Há nove anos, meu senhor. Ali mais arriba havia um moinho que a cheia me levou. Fiquei com dois filhos pequenos, sem modo de vida, nem uma choupana; mas a mãe dos pobres acudiu-me. V. S.ª há-de conhecer a senhora da quinta de Santa Eulália.
– Não conheço.
– Então, ainda que eu seja confiada, não é de cá.
– Sou; mas tenho estado longe.
– Lá isso, sim; que dez léguas em arredor toda a gente conhece a senhora de Santa Eulália. Não há outra assim no mundo. Só de enjeitadinhos tem onze de portas adentro.
– Onze!
– É o que lhe eu digo, senhor.
– Bom é que haja uma santa onde há tantas mães que abandonam os filhos.
– Não que ele também há muita desavergonhada por este mundo de Cristo. Mulheres más por aqui é uma casa sim e outra não à ida para cima; mas à vinda para baixo são todas.