A Vida Amorosa de Moll Flanders - Cap. 2: A vida amorosa de Moll Flanders Pág. 177 / 359

Não permitia a nenhum dormir lá em casa, fosse a que pretexto fosse e embora tivesse a certeza de que o fazia com a própria esposa, e costumava dizer que não e importava que nascessem muitas crianças em sua casa, mas que nenhuma lá seria concebida, se o pudesse evitar.

Talvez levasse esses escrúpulos mais longe do que o necessário, mas era um erro benéfico, se de erro se tratava, pois assim preservava o bom no- me do seu: comércio e granjeava a reputação de que, embora tomasse conta das mulheres que se tornavam corruptas, em nada contribuía para essa corrupçã0. Apesar disso, porém, triste e repugnante comércio era o seu!

Enquanto lá estive, e antes de chegar a minha hora, recebi uma carta do meu procurador no banco, cheia de palavras ternas e simpáticas e insistindo pelo meu regresso a Londres. Chegou às minhas mãos quase com quinze dias de atraso, pois fora primeiro enviada para o Lancashire e daí ma haviam remetido. Terminava dizendo que obtivera uma sentença (creio que assim lhe chamava) contra a mulher e que estava disposto a cumprir o seu compromisso para comigo, se o aceitasse, acrescentando muitos protestos: de respeito e afecto que estaria longe de manifestar se soubesse as circunstâncias em que me encontrava e que eu, na verdade, estava também muito longe de merecer.

Respondi a essa cana e datei-a de Liverpool, mas mandei-a por um portador, explicando que viera por mão própria para um amigo meu da cidade. Felicitei-o pela sua libertação, mas mostrei alguns escrúpulos pela legal idade de voltar a casar e disse-lhe esperar que reflectisse muito a sério nesse assunto, antes de tomar uma resolução, pois as consequências podiam ser desastrosas se um homem do seu discernimento se lançasse estouvadamente em aventura de tal natureza.





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