Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 2: A vida amorosa de Moll Flanders

Página 228
O recém-chegado ficou de guarda à porta e os homens que nomeou revistaram a habitação, acompanhando-os a minha governanta de sala em sala. Quando chegou à porta do meu quarto, chamou-se e disse:

- Faça favor de abrir a porta, prima; estão aqui uns cavalheiros que querem ver o seu quarto.

Estava comigo uma rapariguinha a quem a minha governanta chamava neta e à qual pedi que abrisse a porta. Encontrava-me sentada a trabalhar, com um ror de coisas à minha volta, como se tivesse labutado todo o dia, e tinha apenas uma touca de noite na cabeça e um vestido solto de trazer por casa, A minha governanta pediu-me desculpa do incómodo, explicou-me vagamente do que se tratava e afirmou que não tivera outro remédio senão deixá-los entrar para verem com os seus próprios olhos, pois as suas palavras não valiam de nada. Sem me levantar, convidei-os a revistar o quarto, se quisessem, e declarei que, se havia alguém em casa, ali não estava com certeza. Quanto ao resto dos aposentos, nada sabia nem percebia bem o que pretendiam.

Tudo em mim e em quanto me cercava parecia tão inocente e honesto que me trataram com mais delicadeza do que esperara, mas só depois de revistarem o quarto de ponta a ponta sem esquecer debaixo e dentro da cama e em toda a parte onde fosse possível esconder qualquer coisa. Por fim, como não encontrassem nada, pediram-me desculpa e foram-se embora.

Depois de terem revistado a casa toda sem resultado, acalmaram a populaça, mas levaram a minha ama ao juiz. Dois indivíduos juraram ter visto o homem que perseguiam entrar em sua casa e a minha ama, no meio de grande alarido, abespinhou-se por lhe insultarem a morada e a tratarem daquela maneira, acrescentando que, se algum homem entrara, devia ter saído logo a seguir, pois juraria, se fosse preciso, que, com seu conhecimento nenhum homem estivera das suas portas adentro naquele dia (o que era muito verdade); era possível, visto encontrar-se no primeiro andar, que algum indivíduo assustado tivesse entrado, ao encontrar a porta aberta, para fugir a qualquer perseguição, mas ela ignorava-o e, se assim fora, o homem saíra com certeza pela outra porta - pois tinha outra porta que dava para um beco - e enganara-os a todos.

<< Página Anterior

pág. 228 (Capítulo 2)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Vida Amorosa de Moll Flanders
Páginas: 359
Página atual: 228

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
A vida amorosa de Moll Flanders 7