Por fim afirmou-me que, sem lisonja, estava encantado com a minha companhia e perguntou-me se não me importava de entrar numa carruagem com ele, jurando-me que era um homem de honra e nada faria que me ofendesse ou desmentisse tal afirmação. Fingi declinar, deixei que insistisse um pouco e por fim consenti.
Confesso que, ao princípio, não fazia ideia do que pretendia o cavalheiro, mas depois percebi que bebera já um pouco e que não se importaria de beber mais ainda. Levou-me de carruagem ao Spring Garden, em Knights- bridge, onde passeámos e me tratou com grande delicadeza, mas notei que bebia em excesso. Insistiu comigo para que bebesse também, mas recusei.
Até aí cumprira a sua palavra e nada fizera que me ofendesse. Regressámos na carruagem, pelas ruas, eram já quase 10 horas da noite, e por fim mandou parar o veículo numa casa onde, ao que parece o conheciam e onde não tiveram escrúpulos em nos conduzir ao primeiro andar, a um quarto com cama. Comecei por me mostrar pouco disposta a subir, mas por fim deixei-me convencer com meia dúzia de palavras, pois estava com curiosidade de saber como tudo acabaria e, também, com certas esperanças de não perder o meu dia. Confesso que as perspectivas de cama, etc., não me preocupavam muito.
Começou a mostrar-se um pouco mais livre comigo do que prometera e, gradualmente, cedi a tudo, de maneira que, numa palavra, fez o que lhe agradou comigo; não preciso dizer mais nada. Não deixou de beber durante todo esse tempo e cerca da 1 hora da manhã voltámos à carruagem. O ar e os solavancos do veículo fizeram que o vinho lhe subisse ainda mais à cabeça e se tornasse atrevido e desejoso de repetir o que fizera antes, mas eu, segura agora da minha caça, resisti-lhe e consegui que se conservasse quieto.
