O meu advogado, por seu turno, fez-lhes crer ser eu uma viúva rica, muito capaz de conseguir que me fizessem justiça, tanto mais que tinha amigos poderosos, os quais me haviam arrancado a promessa de os pro- cessar até às últimas instâncias, nem que gastasse mil libras, para que me fosse dada a satisfação devida pelas afrontas recebidas, as quais eram intoleráveis.
No entanto, conseguiram que o meu advogado lhes prometesse não deitar mais lenha na fogueira, não se opor se eu me mostrasse inclinada a chegar a um acordo e, pelo contrário, persuadir-me a optar pela paz em detrimento da guerra, do que não se arrependeria. Tudo isto ele me contou lealmente, acrescentando que, se o tentassem subornar, não deixaria de me informar. No entanto, na sua opinião, achava conveniente chegar a acordo com eles, visto parecerem-lhe muito assustados e desejosos de arrumarem as coisas a bem; pois não ignoravam que, fosse qual fosse o resultado, teriam de pagar todas as despesas do processo. Estava convencido de que, particularmente, me dariam mais que qualquer júri ou tribunal estipularia em julgamento. Perguntei-lhe que importância estariam, na sua opinião, dispostos a pagar, é ele respondeu-me que não sabia, mas que me diria mais alguma coisa quando voltássemos a encontrar-nos.
Pouco tempo depois procuraram-no de novo, para saberem se falara comigo, e ele respondeu-lhes que sim e que não me achara tão contrária a um acordo como alguns dos meus amigos, os quais, magoados com a injúria de que fora vítima, me instigavam a vingar-me, ou a conseguir me fosse feita justiça, como diziam. Não sabia, portanto, que dizer, a não ser que tudo faria no sentido de me persuadir, para que o precisaria de saber qual era a proposta deles. Afirmaram-se impossibilitados de apresentar qualquer proposta, visto a mesma poder ser usada contra eles, ao que o meu advogado redarguiu que, pelos mesmos motivos, se eximia de apresentar qualquer oferta, pois arriscávamo-nos a que fosse usada em tribunal para reduzir a importância que o júri estivesse disposto a conceder-me como indemnização pela injúria sofrida.
