A minha pobre e angustiada governanta preocupava-se tanto como eu e mostrava um arrependimento muito mais sincero e genuíno, embora não corresse o perigo de ser julgada e condenada. Não porque não merecesse tanto como eu, como ela própria admitia, mas porque havia muitos anos nada mais fazia, pessoalmente, que receber o que eu e outras roubávamos e encorajar-nos a roubar. Mas chorava e torcia as mãos, desesperada, gritando que estava desgraçada, que o Céu a amaldiçoara, que fora a causadora da perdição de todas as suas amigas, que, por culpa sua, tal e tal e tal tinham morrido na forca (enumerava dez ou onze pessoas, algumas das quais já mencionei, que tinham sofrido a pena capital) e que era, agora, a causadora da minha própria desgraça, pois me persuadira a continuar quando eu mostrara desejo de me retirar. «Não, mãe, não!», protestava eu. «Não fale assim, pois aconselhou-me a retirar-me quando obtive o dinheiro do fanqueiro e quando regressei de Harwich e eu não lhe dei ouvidos.