A notícia não me alarmou, pois estava convencida de que não ficaria ao desamparo, tanto mais que tinha todos os motivos para crer que engravidaria, mais dia menos dia, e então teria mesmo de partir, sem quaisquer pretextos.
Passado algum tempo o cavalheiro mais novo teve oportunidade de me dizer que a sua afeição por mim se tornara conhecida da família, mas que não me acusava disso, pois sabia bem quem fora o indiscreto: a culpa era da sua maneira franca de falar, pois não fizera o segredo que devia da sua inclinação por mim. Chegara a um ponto, afirmou, em que, se eu acedesse em aceitá-lo, diria abertamente a todos que estava apaixonado por mim e tencionava desposar-me. Era verdade que os pais não gostariam e ficariam descontentes, mas, como estudara leis e tinha um modo de vida, não duvidava poder manter-me de uma maneira que me seria agradável e condizente com aquilo que devia esperar. Estava convencido de que não me envergonharia dele, assim como ele não se envergonhava de mim, e não negaria o amor que me tinha, visto estar resolvido a fazer-me sua esposa. Bastaria, portanto, que lhe desse a minha mão; ele responderia pelo resto.
Encontrava-me, deveras, numa situação terrível e arrependia-me sinceramente da facilidade com que me entregara ao irmão mais velho, não por qualquer rebate de consciência, mas por imaginar a felicidade que podia ser minha e que a minha leviandade tornara impossível. Apesar de não me atormentarem grandes escrúpulos de consciência, como já disse, não concebia a ideia de ser amante de um irmão e esposa do outro. Lembrei-me de que o primeiro prometera fazer de mim sua esposa assim que recebesse a sua herança, mas lembrei-me também, como muitas vezes me acontecia, que depois de me ter por amante não falara mais em casamento.
