Saciámo-nos, assim, do nosso prazer pecaminoso durante quase meio ano, sem que, para satisfação minha, eu concebesse.
Mas, antes de terminar este meio ano, o seu irmão mais novo, a quem aludi no começo desta narrativa, começou a perseguir-me. Encontrando-me uma tarde, sozinha, no 'jardim, repetiu a história do irmão, afirmou estar sinceramente apaixonado por mim e, em resumo, pediu-me honesta e honrosamente em casamento, antes de me fazer qualquer outra proposta.
Fiquei perplexa e numa situação como nunca houvera igual, pelo menos que eu soubesse. Resisti obstinadamente à sua proposta e comecei a acumular argumentos: chamei-lhe a atenção para a desigualdade das nossas situações, para a maneira como a família me trataria e para a ingratidão que seria para o seu bom pai e para a sua boa mãe, que me haviam acolhido em sua casa tão generosamente, quando me encontrava desamparada. Em resumo, disse-lhe tudo quanto me ocorreu para o dissuadir dos seus desígnios, excepto a verdade, pois, embora esta bastasse para pôr fim a tudo, não me atrevia a dizê-la.
Mas aconteceu o que de maneira nenhuma esperava e que me causou aborrecimentos, pois o moço, como era sincero e honesto, não recorreu a disfarces nem a fingimentos. Sabendo-se inocente, não procurou que o seu fraco por Mrs. Betty fosse um segredo para a família, como acontecia com o irmão, e, embora não lhes dissesse que me falara a tal respeito, disse o suficiente para as irmãs, assim como a sua mãe, perceberem o seu amor por mim. Estas não me tocaram no assunto, mas abordaram-no com ele, e imediatamente mudaram de atitude para comigo, mais do que até aí acontecera.
Vi a nuvem, embora não previsse a tempestade. Facilmente percebi que a sua atitude para comigo se modificara e que ia de mal a pior cada dia que passava, até saber, pelas criadas, que em breve desejariam que me fosse embora.
