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Capítulo 2: A vida amorosa de Moll Flanders

Página 314
, cavalheiro honesto e rico, a perseguição terminara e as autoridades tinham-se ido embora.

Ouviu atentamente a minha história, sorriu de muitos pormenores, pois eram coisas sem importância, comparadas com aquilo a que estava acostumado como chefe de uma quadrilha, mas, quando cheguei à parte referente a Brickhill, ficou surpreendido.

- Foste tu então, minha querida, que detiveste a turba que nos per- seguia em Brickhill?

- Fui, fui eu - corroborei, acrescentando certos pormenores que notara nele nessa altura.

- Foste tu, nesse caso, que me salvaste a vida! Ainda bem que ta devo, pois pagar-te-ei agora essa dívida e libertar-te-ei da situação em que te encontras, ainda que morra ao tentá-lo!

Repliquei-lhe que não queria, que seria um risco demasiado grande e inútil, visto que a minha vida não merecia ser salva. Que não falasse assim, rogou-me, pois a minha vida valia, para si, tudo no mundo, dado que lhe dera a ele uma nova vida.

- Nunca estive em verdadeiro perigo de ser apanhado, a não ser dessa vez e desta agora - afirmou.

Explicou-me que então o perigo se devera à sua convicção de que não fora perseguido por esse lado, pois haviam saído de Hockley por outro caminho. Como não tinham chegado a Brickhill pela estrada, estavam convencidos de não terem sido vistos por ninguém.

Contou-me então uma longa história da sua vida, estranha e cheia e imprevisto e variedade. Disse-me que se fizera à estrada doze anos antes de casar comigo; que a mulher que lhe chamava irmão não era sua irmã nem parente, mas sim uma componente da quadrilha que, embora mantivesse contacto com eles, vivia sempre na cidade e tinha muitas relações, o que lhe permitia informá-los das pessoas que partiam em viagem, proporcionando-lhes assim várias presas excelentes; que ela julgara ter descoberto uma fortuna para ele quando me conhecera, mas se enganara, o que, bem vistas as coisas, não podia censurar-lhe; que, se houvesse tido a sorte de eu possuir a fortuna que ela supunha, se teria retirado da estrada e levado uma vida recatada e honesta, embora não se atrevendo a aparecer publicamente enquanto não fosse decretado um perdão geral ou conseguisse, com dinheiro, incluir o seu nome nalgum perdão especial, para se sentir absolutamente tranquilo, e que, como as suas esperanças se haviam gorado, fora obrigado a despedir a equipagem e a regressar ao velho ofício.

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Capa do livro A Vida Amorosa de Moll Flanders
Páginas: 359
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Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
A vida amorosa de Moll Flanders 7