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Capítulo 2: A vida amorosa de Moll Flanders

Página 341
Não se trata de sintoma de leviandade nem de inconsideração, mas de uma consequência natural do estado de alma provocado pelo segredo. Se essas pessoas se calassem e continuassem a lutar com a opressão que os consumia, acabariam, com certeza, por revelar o segredo no sono, por muito fatal que fosse a sua natureza e estivesse quem estivesse junto delas. Esta necessidade da natureza de cada um exerce-se às vezes com tal veemência no espírito dos que são culpados de qualquer crime atroz, sobretudo tratando-se de um homicídio secreto, que se sentem forçados a revelar a verdade, ainda que as consequências sejam, infalivelmente, a autodestruição. Embora possa ser verdade que a glória de tais revelações e confissões pertence à justiça divina, não deixa de ser igualmente verdade que a Providência, que geralmente trabalha por intermédio da natureza, se serve, neste casos, das próprias causas naturais para obter os efeitos extraordinários.

Podia dar exemplos notáveis do que digo, ocorridos ao longo das minhas extensas relações com o crime e com os criminosos. Conheci, quando estive em Newgate, um daqueles indivíduos a quem chamam «assaltantes da noite», ou seja, um daqueles que saem todas as noites, por conivência, fazem as suas tropelias e fornecem às honestas criaturas a quem chamam «agarradores de ladrões» informações, que, no dia seguinte, lhes permitem entregar, a troco de uma recompensa, os roubos da noite anterior. Pois esse indivíduo dizia durante o sono tudo quanto fizera, todos os passos que dera, o que roubara e onde, tão claramente como se estivesse acordado e não houvesse perigo nenhum em falar. Depois das suas incursões era obrigado, por isso, a fechar-se ou a ser fechado pelos que o empregavam, para que ninguém o ouvisse.

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Capa do livro A Vida Amorosa de Moll Flanders
Páginas: 359
Página atual: 341

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
A vida amorosa de Moll Flanders 7