Tomada essa resolução, propus a meu marido que partíssemos e levássemos quanto tínhamos para a Carolina, onde nos instalaríamos. O meu marido concordou imediatamente com a primeira parte, isto é, que não era conveniente permanecermos onde estávamos, pois corríamos o risco de ser reconhecidos. Quanto ao resto, nada lhe disse.
Mas outra dificuldade surgiu. O caso da herança começou a atormentar-me e não podia pensar em partir sem colher ao menos algumas informações acerca do que a minha mãe me legara; não podia também suportar a ideia de deixar aquela terra sem me dar a conhecer ao meu velho marido (irmão), nem ao meu e seu filho. Teria de proceder, no entanto, sem que o meu novo marido suspeitasse, sequer, ou eles soubessem que era casada.
Pensei e tornei a pensar, à procura de uma maneira de o conseguir. De bom grado teria mandado o meu marido para a Carolina, com todos os nossos bens, na condição de eu ir a seguir, mas isso era impraticável; ele jamais partiria sem mim, pois nada conhecia da terra nem dos métodos de estabelecimento ali ou em qualquer outro lado. Lembrei-me então de que poderíamos partir os dois, com parte do que possuíamos, na condição de eu regressar à Virgínia depois de nos estabelecermos, para levar o resto. Mas não, nem mesmo assim ele me deixaria partir e ficaria sozinho. O caso era simples: meu marido fora educado como um fidalgo e, por consequência, era não só ignorante, como também indolente, e, quando nos instalássemos, preferiria ir para as florestas com a sua arma (o que naquelas paragens chamam caçar e que é trabalho normal dos índios que são servos) a encarregar-se dos trabalhos normais de uma plantação.
As dificuldades eram, portanto, intransponíveis, e de tal sorte que não sabia o que fazer.
