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Capítulo 2: A vida amorosa de Moll Flanders

Página 344
Era tão grande o meu desejo de me dar a conhecer ao meu irmão, meu ex-marido, que não podia resistir-lhe, sobretudo por pensar constantemente que, se não o fizesse em vida dele, talvez depois tentasse em vão convencer o meu filho de que era realmente sua mãe e perderia, assim, tanto o conforto e auxílio do seu afecto, como o benefício do que a minha mãe me tivesse deixado. Por outro lado, jamais pensaria em apre- sentar-me a eles nas circunstâncias em que me encontrava, no que respeitava a ter um marido comigo e a ter vindo degredada por procedimento criminoso. Por esses dois motivos, tornava-se absolutamente necessário que me mudasse do lugar onde me encontrava e voltasse depois, como se tivesse outra procedência e fosse outra a minha situação.

Baseada em tais considerações, insisti com o meu marido na necessidade absoluta de não nos estabelecermos no rio Potomac, onde corríamos o risco de se tornar conhecida a nossa posição. Se fôssemos para qualquer outro lado, poderíamos apresentar-nos com tão boa reputação como qualquer família que viesse com o fim de adquirir uma plantação. Como os habitantes gostam sempre de receber famílias que chegam para se estabelecer, pois trazem consigo riqueza, quer para comprarem plantações já iniciadas, quer para iniciarem novas, teríamos garantida uma recepção generosa e simpática, sem qualquer possibilidade de que viessem a descobrir as nossas verdadeiras circunstâncias.

Disse-lhe vagamente que, em virtude de ter vários parentes no lugar onde nos encontrávamos, não ousava dar-me a conhecer agora, pois não tardariam a ter conhecimento dos motivos da minha vinda, o que seria muito humilhante para mim. Como tinha razões para crer que a minha mãe, que ali morrera, me deixara qualquer coisa, e possivelmente de valor considerável, valeria a pena informar-me a esse respeito, mas, se o fizesse agora, aumentariam os riscos de sermos expostos publicamente, ao passo que, se viesse de qualquer outro lado onde nos houvéssemos estabelecido, podia alegar que me trouxera o desejo de visitar o meu irmão e os meus sobrinhos, dar-me a conhecer, informar-me e reclamar o que me era devido, ser recebida com respeito e, ao mesmo tempo, obter justiça e boa vontade.

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Capa do livro A Vida Amorosa de Moll Flanders
Páginas: 359
Página atual: 344

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
A vida amorosa de Moll Flanders 7