Estremeci ao ouvir-lhe tal conselho e lembrei-lhe que não tinha consentimento para dar, pois ele próprio se comprometera a desposar-me e o meu consentimento fora dado nessa altura. Dissera-me sempre que era a sua esposa e eu assim me julgara, como se a cerimónia do matrimónio se houvesse efectuado entre nós, obedecendo a ordens da sua própria boca, pois desde o princípio me persuadira a considerar-me casada com ele.
- Bem, minha querida, não te preocupes agora com isso - redarguiu-me. - Não sou teu marido, mas procederei como se o fosse. Não te atormentes, deixa-me estudar o assunto e no nosso próximo encontro dar-te-ei notícias.
Tranquilizou-me o melhor que pôde, mas achei-o muito pensativo e notei que, embora se mostrasse muito terno, me beijasse vezes sem conta e me desse dinheiro, as suas expansões não passaram daí nas duas horas ou mais que estivemos juntos. Tal procedimento não deixou de me causar grande surpresa, tendo em vista o que costumava passar-se e a oportunidade que tivemos.
O irmão voltou de Londres passados cinco ou seis dias e só dois dias depois da sua chegada o mais velho teve ensejo de lhe falar. Na mesma noite arranjou maneira de ter uma longa conferência comigo, no decorrer da qual me contou o que se passara. Disse ao irmão que ouvira estranhas coisas a seu respeito, durante a sua ausência, ou seja, que ele estava apaixonado por Mrs. Betty.
«- E estou - replicou-lhe o irmão, irritado. - E depois? Alguém tem alguma coisa com isso?
» - Não te zangues, Robin; não pretendo ter nada com isso nem estar zangado contigo por esse motivo. Mas sei que elas se preocupam com o caso e que têm tratado mal a pobre rapariga, o que não acho justo e me ofende.
» - Quem são ELAS? - indagou Robin.
