» - A mãe e as raparigas. Mas, diabos te levem, és sincero? Amas de facto a pequena? Podes ser franco comigo, bem sabes.
» - Serei franco contigo: amo-a mais do que a qualquer mulher do mundo e tê-la-ei, digam e façam o que quiserem. Creio que ela não me recusará.»
Fiquei transtornada quando me repetiu a conversa, pois, embora fosse lógico pensar que não o recusaria, eu sabia, na minha consciência, que devia rejeitá-lo e que esse dever seria a minha ruína. Compreendi, porém, que não me convinha revelar os meus pensamentos nesse momento e, por isso, interrompi-o e disse:
- Ele pensa, então, que não posso recusá-lo? Mas verá que posso, apesar de tudo.
- Minha querida, permite que te conte tudo quanto se passou entre nós; depois dirás o que quiseres.
Em seguida disse-me que lhe observara:
« - Mas, mano, sabes que ela não tem nada e que podes escolher entre várias senhoras com fortuna...
» - Isso não importa - afirmou Robin. - Amo-a e, quando casar, não satisfarei a bolsa deixando insatisfeito o coração.»
- E assim, minha querida - acrescentou -, não é possível recusá-lo.
- Oh, é, sim! Verás como serei capaz de o rejeitar! Aprendi a dizer «não» agora, embora antes não o soubesse. Se o maior senhor da terra me viesse propor casamento, podia responder-lhe alegremente com um «não».
- Mas, minha querida, que lhe dirás? Sabes, pois tu própria mo disseste, que te fará inúmeras perguntas acerca da tua recusa e que toda a família ficará intrigada e a pensar no significado da mesma.
- Poderei calar todas as bocas - afirmei, a sorrir - dizendo-lhe a ele, e a elas também, que já sou casada com o irmão mais velho!
Sorriu também um pouco, mas percebi perfeitamente que estava assustado e não conseguia disfarçar o tumulto interior que a minha resposta lhe causara.
