Estava feliz por tudo ter acabado. Estava feliz por se poder sentar na praia a olhar o poente por sobre o mar, sabendo que tudo acabara, que todo aquele formidável esforço chegara ao fim. Nunca mais voltaria a lutar pelo amor e pela felicidade. Não, nunca mais. Pois Jill estava agora segura, salva pela morte. Pobre Jill, pobre Jill! Como devia ser doce estar morta!
Mas, quanto a si, o seu destino não se cumpria na morte. Tinha de deixar o seu destino nas mãos daquele rapaz. Só que o rapaz pretendia muito mais do que isso, muito mais. Ele pretendia que ela se lhe entregasse sem reservas, que se deixasse afundar, submergir por ele. E ela, ela só desejava poder quedar-se imóvel, ficar ali sentada a olhar a distância como uma mulher que chegou ao fim do caminho, como uma mulher que, atingida a última etapa, pára por fim para descansar. Ela queria ver, saber, compreender. Ela queria estar sozinha, ficar só, com ele a seu lado, sim, mas só.
Oh, mas ele!... Ele não queria que ela observasse mais nada, que continuasse a ver ou a compreender fosse o que fosse. Ele queria velar-lhe o seu espírito de mulher como os Orientais usam velar o rosto das suas esposas. Ele queria que ela se lhe entregasse de corpo e alma, que adormecesse o seu espírito de independência. E queria libertá-la de todo o esforço de realização, de tudo aquilo que parecia ser a sua verdadeira raison d'être. Ele queria torná-la submissa, rendida, queria que ela deixasse cegamente para trás toda a sua vívida consciência, abandonando-a de vez e para sempre. Queria extirpar-lhe essa consciência, queria que ela se tornasse tão-só sua mulher, sua mulher e nada mais. Nada mais.
Ela sentia-se tão cansada, tão cansada, quase como uma criança que se sente cheia de sono mas que luta contra isso como se dormir fosse sinónimo de morrer.