- Sim, nessa altura eu tinha ido arrumar a serra.
Tomaram então o chá. March estava muito calada, um ar absorto no rosto pálido e cansado. O jovem, sempre de rosto corado e ar reservado, como que a vigiar-se a si mesmo, estava a tomar o chá em mangas de camisa, tão à vontade como se estivesse em sua casa. Debruçando-se sobre o prato, comia com toda a sem-cerimônia.
- Não tem frio? - perguntou Banford em tom maldoso. - Assim em mangas de camisa...
Ele olhou para ela, ainda com o queixo junto ao prato, observando-a com olhos claros, transparentes. Fitava-a com o mesmo ar imperturbável de sempre.
- Não, não tenho frio - respondeu ele com a sua habitual cortesia, no seu tom suave e modulado. - Está muito mais quente aqui do que lá fora, sabe...
- Espero bem que sim - retrucou Banford, sentindo que ele a estava a provocar. Aquela estranha e suave autoconfiança que ele tinha, aquele seu olhar brilhante e profundo, contendiam-lhe com os nervos naquela noite.
- Mas talvez - disse ele, suave e cortês - não goste de que eu venha tomar chá sem casaco. Não me lembrei disso.
- Oh, não, não me importo - disse Banford, embora de facto se importasse.
- Não acha que será melhor ir buscá-lo? perguntou ele.
Os olhos escuros de March viraram-se lentamente para ele.
- Não, não se incomode - disse, num estranho tom nasalado. - Se se sente bem como está, pois deixe-se estar. - Falara de uma forma friamente autoritária.
- Sim - respondeu ele -, sinto-me bem, isto se não estou a ser descortês...
- Bom, isso é normalmente considerado como sinal de má educação - disse Banford. Mas nós não nos importamos.