- Ou talvez você pense que eu vim cá roubar-lhe as galinhas ou algo assim - retorquiu ele, naquele seu riso juvenil.
Mas ela limitou-se a olhá-lo com um ar vago e ausente nos grandes olhos negros.
- É a primeira vez - disse então ele que me confundem com um raposo. Não quer sentar-se por um minuto? - Falava agora num tom de grande suavidade, meigo e persuasivo.
- Não, não posso - volveu ela. - Jill deve estar à espera. - Mas deixou -se ficar especada, um pé a bambolear, o rosto desviado, ali parada no limiar do círculo de luz.
- Mas não quer então responder à minha pergunta? - disse ele, baixando ainda mais a voz.
- Não sei a que pergunta se refere.
- Sabe, sim. É claro que sabe. Eu perguntei-lhe se se queria casar comigo.
- Não, não devo responder a uma tal pergunta - replicou ela, categórica.
- Mas porque não? - E voltou a franzir o nariz, de novo tomado por aquele seu curioso riso juvenil. - É porque eu sou como o raposo? É por isso? - E ria-se com gosto.
Virando-se, ela fitou-o num olhar lento, demorado.
- Não deixarei que isso se interponha entre nós - disse ele então. - Deixe-me baixar a luz e venha sentar-se aqui um instante.
Enfiando a mão por baixo do quebra-luz, a pele vermelha quase incandescente sob o fulgor da lâmpada, baixou subitamente a luz até quase a apagar. March, sem se mover, quedou-se de pé em meio à obscuridade, indistinta, vaga, quase irreal. Então, ele ergueu-se silenciosamente, firmando-se nas suas longas pernas. E falava agora com uma voz extraordinariamente suave e sugestiva, quase inaudível.