- Deixe-se ficar um momento - disse. Só um momento. - E pôs-lhe a mão no ombro. Ela virou-se então para ele. - Não acredito que possa realmente pensar que sou como o raposo - continuou ele com a mesma suavidade, uma leve sugestão de riso no tom algo trocista. - Não está a pensar nisso agora, pois não? - E, com extrema gentileza, atraiu-a para si, beijando-lhe suavemente o pescoço. Ela retraiu-se, estremecendo, e tentou escapar-lhe. Mas o braço dele, jovem e forte, fê-la imobilizar-se, enquanto ele voltava a beijá-la no pescoço com grande suavidade, pois ela insistia em desviar o rosto.
- Não quer responder à minha pergunta?
Não quer? Agora, aqui mesmo... - voltou a repetir numa voz suave, arrastada, quase langorosa. Estava agora a tentar puxá-la mais para si, a tentar beijá-la no rosto. Beijou-a então numa das faces, junto ao ouvido.
Nesse momento, ouviu-se a voz de Banford, enfadada e azeda, a chamar do alto das escadas.
- É Jill! - exclamou March, endireitando-se, assustada.
Porém, ao fazê-lo, ele, rápido como um relâmpago, beijou-a na boca, um beijo corrido, quase de raspão. Ela sentiu que todo o seu ser se lhe incendiava, que todas as fibras lhe ardiam. Deu então um estranho grito, curto e rápido.
- Casa, não casa? Diga que sim! Casa? insistiu ele suavemente.
- Nellie! Nellie! Porque é que te demoras tanto? - voltou a gritar Banford, numa voz fraca, distante, vinda da escuridão envolvente.
Mas ele mantinha-a bem segura, continuando a murmurar-lhe com intolerável suavidade e insistência:
- Casa, não casa? Diga que sim! Diga que sim!
March, com a sensação de estar possuída por um fogo abrasador, as entranhas a arder, sentindo-se destruída, incapaz de reagir, limitou-se a murmurar:
- Sim! Sim! Tudo o que quiser! Tudo o que quiser! Mas deixe-me ir! Deixe-me ir! Jill está a chamar!