- Vocês o quê?! - exclamou então.
- Vamo-nos casar. Não é verdade, Nellie? disse ele, virando-se para March.
- Pelo menos é o que você diz - respondeu esta, lacónica. Mas de novo o rosto se lhe ruborizou num fulgor de agonia. E também ela se sentia agora incapaz de engolir.
Banford olhou-a qual pássaro mortalmente atingido, um pobre passarinho doente, abandonado e só. E, com um rosto em que se lia todo o sofrimento que lhe ia na alma, envolveu March, profundamente ruborizada, num olhar de espanto, pasmo e dor.
- Nunca! - exclamou então, sentindo-se desamparada e perdida.
- Pois é bem verdade - disse o jovem, um brilho maldoso nos olhos exuberantes.
Banford desviou o rosto, como se a simples visão da comida na mesa lhe desse agonias. E, como se estivesse realmente enjoada, quedou-se assim sentada durante algum tempo. Então, apoiando uma mão na borda da mesa, pôs-se finalmente de pé.
- Nunca acreditarei nisso, Nellie, nunca! gritou. - É absolutamente impossível!
Havia na sua voz aflita e plangente um leve tom de desespero, de fúria, quase que de raiva.
- Porquê? Porque não deveria acreditar? - perguntou o jovem, com aquele seu tom de impertinência na voz suave e aveludada.
Banford olhou para ele do fundo dos seus olhos vagos e ausentes, como se ele não passasse de um qualquer animal de museu.
- Oh! - disse ela em voz fraca. - Porque ela não pode ser assim tão louca, não pode ter perdido o seu amor-próprio a um ponto tal. - Falava de forma desgarrada, como que à deriva, numa voz desanimada e dolente.
- Mas em que sentido é que ela iria perder o seu amor-próprio? - perguntou o rapaz.