- E que tal ir para a cama? - disse finalmente March.
- Quando quiseres, estou pronta - volveu Banford.
- Oh, muito bem - disse March. - Vou arranjar-te a botija.
E assim fez. Uma vez preparada a botija de água quente, acendeu uma vela e levou a botija para cima. Banford deixou-se estar sentada, atenta ao menor ruído. Depois, reaparecendo ao cimo das escadas, March voltou a descer.
- Pronto, já está - disse então. - Não vais para cima?
- Sim, é só um minuto - respondeu Banford. Mas os minutos foram passando e ela continuou sentada na cadeira sob a luz do candeeiro.
Henry, cujos olhos, espreitando, observadores, de sob as sobrancelhas, brilhavam como os de um gato, o rosto parecendo cada vez mais largo e arredondado nos seus contornos felinos, na sua inalterada obstinação, ergueu-se então a fim de tentar a sua cartada.
- Acho que vou até lá fora ver se descubro
a fêmea daquele raposo - disse. - Pode ser que ande por aí a rondar. Não quer vir também, Nellie, a ver se vemos alguma coisa? É só um minuto...
- Eu?! - exclamou March, erguendo os olhos para ele, um ar simultaneamente perplexo e interrogativo no rosto surpreso.
- Sim, você. Venha daí, vá... - insistiu ele.
Era espantoso como a sua voz podia parecer tão quente, tão persuasiva, como podia tornar-se tão suave e insinuante. Ao ouvi-la, Banford sentiu o sangue ferver-lhe, o eco daquele som escaldando-lhe as veias.
- Venha, é só um minuto - teimou ele, baixando os olhos para ela, para aquele rosto erguido, pálido e inseguro.
E então, como que atraída pela força magnética daquele rosto jovem e corado que a olhava com insistente fixidez, ela acabou por se pôr de pé.