- Não, refiro-me a mim. Aquilo que estou a fazer é uma asneira, uma rematada asneira. - Mas porquê? Será porque realmente não queres casar comigo?
- Oh, não é isso. É que, na verdade, não sei se sou contra ou a favor de uma tal ideia, só isso. Não sei, realmente, não sei.
Ele olhou-a através das trevas, perplexo e confuso. Não fazia a menor ideia do que ela pretendia dizer com aquilo.
- E também não sabes se gostas ou não de estar agora aqui sentada ao pé de mim? perguntou então.
- Não, realmente não sei. Não sei se gostaria de estar noutro lado ou se prefiro estar aqui. Não sei, realmente não sei.
- Gostarias de estar ao pé de Miss Banford? Gostarias de ir para a cama com ela, é isso? - perguntou ele, em tom de desafio.
Ela quedou-se longo tempo silenciosa antes de responder.
- Não - disse por fim. - Não gostaria.
- E achas que gostarias de passar toda a vida ao pé dela? De ficar com ela até estares velha e de cabelos brancos? - continuou ele.
- Não - respondeu ela sem grandes hesitações. - Não me estou a imaginar a mim e à Jill, duas velhas, a vivermos juntas.
- E não achas que quando eu for velho e tu também já fores velha poderemos ainda estar juntos, juntos como agora estamos? perguntou então ele.
- Bom, não como agora estamos - volveu ela. - Mas acho que posso imaginar... Não, não posso. Não consigo imaginar-te velho. Além de que isso é horrível!
- O quê, ser velho?
- Sim, é claro.
- Não na devida altura - retorquiu ele. - Mas isso ainda vem longe. Há-de chegar, é claro, mas quando chegar gostaria de pensar que também tu lá estarás, que teremos envelhecido os dois juntos.
- Como dois velhos aposentados num asilo de terceira idade - disse então ela secamente.
Aquela espécie de humor disparatado que ela tinha deixava-o sempre espantado. Nunca percebia muito bem aquilo que ela queria dizer. Provavelmente, nem ela mesma o sabia.