Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 8: CAPÍTULO VIII

Página 108
.. Essa tua ignorância trapalhona das coisas de Portugal!

O meu Príncipe deixou escorregar molemente a fotografia da minha prima de entre os dedos moles - que levou à face, no seu gesto horrendo de palpar através da face a caveira. Depois, de repente, com um soberbo esforço, em que se endireitou e cresceu:

- Bem! Alea jacta est! Partamos pois para as serras!... E agora nem reflexão, nem descanso!... À obra! E a caminho!

Atirou a mão ao fecho dourado da porta como se fosse o negro loquete que abre os Destinos - e no corredor gritou pelo Grilo, com uma larga e açodada voz que eu nunca lhe conhecera, e me lembrou a de um chefe ordenando, na alvo rada, que se levante o acampamento, e que a hoste marche, com pendões e bagagens...

Logo nessa manhã (com uma atividade em que eu reconheci a pressa enjoada de quem bebe óleo de rícino) escreveu ao Silvério mandando caiar, assoalhar, envidraçar o casarão. E depois do almoço apareceu na Biblioteca, chamado violentamente pelo telefone, para combinar a remessa de mobílias e confortos, o diretor da Companhia Universal de Transportes.

Era um homem que parecia o cartaz da sua Companhia, apertado num jaquetão de xadrezinho escuro, com polainas de jornada sobre botas brancas, uma sacola de marroquim a tiracolo, e na botoeira uma roseta multicor resumindo as suas condecorações exóticas de Madagáscar, da Nicarágua, da Pérsia, outras ainda, que provavam a universalidade dos seus serviços. Apenas Jacinto mencionou «Tormes, no Douro...» - ele logo, através de um sorriso superior estendeu o braço, detendo outros esclarecimentos, na sua intimidade minuciosa com essas regiões.

- Tormes... Perfeitamente! Perfeitamente! Sobre o joelho, na carteira, escrevinhou uma fugidia nota - enquanto eu considerava, assombrado, a - vastidão do seu saber corográfico, assim familiar com os recantos de uma serra de Portugal e com todos os seus velhos solares.

<< Página Anterior

pág. 108 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Cidade e as Serras
Páginas: 238
Página atual: 108

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 26
CAPÍTULO IV 41
CAPÍTULO V 62
CAPÍTULO VI 75
CAPÍTULO VII 88
CAPÍTULO VIII 105
CAPÍTULO IX 144
CAPÍTULO X 177
CAPÍTULO XI 188
CAPÍTULO XII 195
CAPÍTULO XIII 201
CAPÍTULO XIV 212
CAPÍTULO XV 220
CAPÍTULO XVI 223