Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 8: CAPÍTULO VIII

Página 116
O meu Príncipe então recaiu nas almofadas:

- Que aventura, Zé Fernandes!

Até Chartres, em silêncio, folheámos as ilustrações. Em Orléans, o guarda veio arranjar respeitosamente as nossas comas. Derreado com aqueles catorze meses de Civilização, adormeci - e só acordei em Bordéus quando Grilo, zeloso, nos trouxe o nosso chocolate. Fora, uma chuva miudinha pingava molemente de um espesso céu de algodão sujo. Jacinto não se deitara, desconfiado da aspereza e da humidade dos lençóis, E, metido num roupão de flanela branco, com a face arrepiada e estremunhada, ensopando um bolo no chocolate, rosnava sombriamente:

- Este horror!... E agora com chuva! Em Biarritz, ambos observámos com uma certeza indolente: - É Biarritz. Depois Jacinto, que espreitava pela janela embaciada, reconheceu o lento caminhar pernalto, o nariz bicudo e triste. do historiador Danjon. Era ele, o facundo homem, vestido de xadrezinho, ao lado de uma dama roliça que levava pela trela uma cadelinha felpuda. Jacinto baixou a vidraça violentamente, berrou pelo historiador, na ânsia de comunicar ainda, através dele, com a Cidade, com o 202!.... Mas o comboio mergulhara na chuva e névoa.

Sobre a ponte do Bidassoa, antevendo o termo da vida fácil, os abrolhos da Incivilização, Jacinto suspirou com desalento:

- Agora adeus, começa a Espanha!... Indignado, eu, que já saboreava o generoso ar da terra bendita, saltei para diante do meu Príncipe, e num saracoteio de tremendo salero, castanholando os dedos, entoei uma petenera condigna:

A la puerta de mi casa Ay Soledad, Soleda...á...á...á.

Ele estendeu os braços, suplicante: - Zé Fernandes, tem piedade do enfermo e do triste! - Irun! Irun!... Nessa Irun almoçámos com suculência - porque sobre nós velava, como deusa omnipresente, a Companhia do Norte.

<< Página Anterior

pág. 116 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Cidade e as Serras
Páginas: 238
Página atual: 116

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 26
CAPÍTULO IV 41
CAPÍTULO V 62
CAPÍTULO VI 75
CAPÍTULO VII 88
CAPÍTULO VIII 105
CAPÍTULO IX 144
CAPÍTULO X 177
CAPÍTULO XI 188
CAPÍTULO XII 195
CAPÍTULO XIII 201
CAPÍTULO XIV 212
CAPÍTULO XV 220
CAPÍTULO XVI 223