com os cabelos os pés do Cristo! - O Cristo, um latagão soberbo, parente dos Trèves, empregado no Ministério da Guerra, gemendo, derreado, sob uma cruz de papelão! Havia também Lucrécia na cama, e Tarquínio ao lado, de punhal, a puxar os lençóis! E depois ceia, em mesas soltas, todos nos seus trajes históricos. Ele já estava aparceirado com Madame de Malbe, que era Agripina! Quadro portentoso esse - Agripina morta, quando Nero a vem contemplar e lhe estuda as formas, admirando umas, desdenhando outras como imperfeitas. Mas, por polidez, ficara combinado que Nero admiraria sem reserva todas as formas de Madame de Malbe... Enfim colossal, e estupendamente instrutivo!
Acenámos um longo adeus àquele alegre Marizac. E recolhemos sem que Jacinto emergisse do silêncio enrugado em que se abismara, com os braços rigidamente cruzados, como remoendo pensamentos decisivos e fortes. Depois, em frente ao Arco do Triunfo, moveu a cabeça, murmurou:
- É muito grave, deixar a Europa!
Enfim, partimos! Sob a doçura do crepúsculo que se enublara deixámos o 202. O Grilo e o Anatole seguiam num fiacre atulhado de livros, de estojos, de paletós, de impermeáveis, de travesseiras, de águas minerais, de sacos de couro, de rolos de mantas: e mais atrás um ónibus rangia sob a carga de vinte e três malas. Na estação, Jacinto ainda comprou todos os jornais, todas as ilustrações, horários, mais livros, e um saca-rolhas de forma complicada e hostil. Guiados pelo chefe do tráfico, pelo secretário da. Companhia, ocupámos copiosamente o nosso salão. Eu pus o meu boné de seda, calcei as minhas chinelas. Um silvo varou a noite. Paris lampejou, fulgiu num derradeiro clarão de janelas... Parao sorver, Jacinto ainda se arremessou à portinhola. Mas rolávamos já na treva da Província.