Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 8: CAPÍTULO VIII

Página 133
Na enorme lareira, onde se aqueciam e assavam as suas grossas peças de porco e boi os Jacintos medievais, agora desaproveitada pela frugalidade dos caseiros, negrejava um poeirento montão de cestas e ferramentas; e a claridade toda entrava por uma porta de castanho, escancarada sobre um quintalejo rústico em que se misturavam couves lombardas e junquilhos formosos. Em roda do lume um bando alvoroçado de mulheres depenava frangos, remexia as caçarolas, picava a cebola, com um fervor afogueado e palreiro. Todas emudeceram quando aparecemos - e de entre elas o pobre Melchior, estonteado, com o sangue a espirrar na nédia face de abade, correu para nós, jurando «que o jantarinho de Suas Incelências não demorava um credo»...

- E a respeito de camas, oh amigo Melchior? O digno homem ciciou uma desculpa encolhida «sobre enxergazinhas no chão...» - É o que basta! - acudi eu, para o consolar. - Por uma noite, com lençóis frescos...

- Ali, lá pelos lençoizinhos respondo eu!... Mas um desgosto assim, meu senhor! A gente apanhada sem um colchãozinho de, lã, sem um lombozinho de vaca... Que eu já pensei, até lembrei à minha comadre, Vossas Incelências podiam ir dormir aos Ninhos a casa do Silvério. Tinham lá camas de ferro, lavatórios... Ele sempre é uma leguazita e mau caminho...

Jacinto, bondoso, acudiu: - Não, tudo se arranja, Melchior. Por uma noite!... Até gosto mais de dormir em Tormes, na minha casa da serra!

Saímos ao terreiro, retalho de horta fechado por grossas rochas encabeladas de verdura, entestando com os socalcos da serra onde lourejava o centeio. O meu Príncipe bebeu da água nevada e luzidia da fonte, regaladamente, com os beiços na bica; apeteceu a alface rechonchuda e crespa; e atirou pulos aos ramos altos de uma copada cerejeira, toda carregada de.

<< Página Anterior

pág. 133 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Cidade e as Serras
Páginas: 238
Página atual: 133

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 26
CAPÍTULO IV 41
CAPÍTULO V 62
CAPÍTULO VI 75
CAPÍTULO VII 88
CAPÍTULO VIII 105
CAPÍTULO IX 144
CAPÍTULO X 177
CAPÍTULO XI 188
CAPÍTULO XII 195
CAPÍTULO XIII 201
CAPÍTULO XIV 212
CAPÍTULO XV 220
CAPÍTULO XVI 223