Mas apenas penetra na celebridade, e os seus miseráveis nervos se acalmam, e o cerca uma paz amável, não há então, em todo Francfort, burguês mais otimista, de face mais jocunda, e gozando mais regradamente os bens da Inteligência e da Vida!... E o outro, o israelita, o muito pedantesco rei de Jerusalém! Quando descobre esse sublime Retórico que o mundo é Ilusão e Vaidade? Aos setenta e cinco anos, quando o Poder lhe escapa das mãos trémulas, e o seu serralho de trezentas concubinas se lhe torna ridiculamente supérfluo. Então rompem os pomposos queixumes! Tudo é vaidade e aflição de espírito! nada existe estável sob o Sol! - Com, efeito, meu bom Salomão, tudo passa - principalmente o poder de usar trezentas concubinas! Mas que se restitua a esse velho sultão asiático, besuntado de Literatura, a sua virilidade, - e onde se sumirá o lamento do «Eccle siastes»? Então voltará, em segunda e triunfal edição, o êxtase do «Livro dos Cantares»!...
Assim discursava o meu amigo no noturno silêncio de Tormes. Creio que ainda estabeleceu sobre o Pessimismo outras coisas joviais, profundas ou elegantes; - mas eu adormecera, beatificamente envolto em Otimismo e Doçura.
Em breve, porém, me fez pular, escancarar as pálpebras moles, uma rija, larga, sadia e genuína risada. Era Jacinto, estirado numa cadeira, que lia o «D. Quixote»... Oh bem-aventurado Príncipe! Conservar a ele o agudo poder de arrancar teorias a uma espiga de milho ainda verde, e por uma clemência de Deus, que fizera reflorir o tronco seco, recuperara o dom divino de rir com as facécias de Sancho!
Aproveitando a minha companhia, as duas semanas de bucólica ociosidade que eu lhe concedera, o meu Jacinto preparou então a cerimónia tão falada, tão meditada, a trasladação dos