Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 9: CAPÍTULO IX

Página 168
.. Enfim uma tarde desabafou comigo, a um canto da varanda, enquanto Jacinto, na livraria, escrevia a um seu amigo de Holanda, o conde Rylant, mordomo-mor da Corte, pedindo desenhos, e planos, e orçamentos de uma queijeira perfeita.

- Pois, Sr. Fernandes, se toda esta grandeza vai por diante, sempre lhe digo que o Sr. D. Jacinto enterra aqui na serra dezenas de contos... Dezenas de contos!

E como eu aludia à fortuna do meu Príncipe, a quem todas essas obras tão vastas, que alterariam o antiquíssimo rosto da serra, não custavam mais que a outros o conserto de um socalco, - o bom Silvério atirou os longos braços para as coxas gordas, ainda mais desolado:

- Pois por isso mesmo, Sr. Fernandes! Se o Sr. D. Jacinto não tivesse a dinheirama, recuava. Assim, é zás, zás, para diante; e eu não o censuro pela ideia. Lograsse eu a renda de Sua Excelência, que me atirava também a uma lavoura de capricho. Mas não aqui, Sr. Fernandes, nestas serranias, entre alcantis. Pois um senhor que possui aquela linda, propriedade de Montemor, nos campos do Mondego, onde até podia plantar jardins de desbancar os do Palácio de Cristal do Porto! E a Veleira? O Sr. Fernandes não conhece a Veleira, lá para os lados de Penafiel? Isso é um condado! E uma terra chá, boa terra, toda Junta, ali em volta da casa, com uma torre: Um regalo, Sr. Fernandes. Mas sobretudo Montemor! Lá é que eram prados e manadas de vacas inglesas, e queijeira e horta rica, de fartar, e aí trinta. perus na capoeira...

- Então que quer, Silvério? O Jacinto gosta da serra. E depois este é o solar da família, e aqui começaram no século XIV os Jacintos...

O pobre Silvério, no seu desespero, esquecia o respeito devido à secular nobreza da casa.

- Ora! Até ficam mal ao Sr. Fernandes essas ideias, neste século da liberdade.

<< Página Anterior

pág. 168 (Capítulo 9)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Cidade e as Serras
Páginas: 238
Página atual: 168

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 26
CAPÍTULO IV 41
CAPÍTULO V 62
CAPÍTULO VI 75
CAPÍTULO VII 88
CAPÍTULO VIII 105
CAPÍTULO IX 144
CAPÍTULO X 177
CAPÍTULO XI 188
CAPÍTULO XII 195
CAPÍTULO XIII 201
CAPÍTULO XIV 212
CAPÍTULO XV 220
CAPÍTULO XVI 223