Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 11: CAPÍTULO XI

Página 191

Na taberna do Pedro, à entrada da freguesia, ia agora um desusado movimento, de vidraceiros, pedreiros e carpinteiros, todos contratados para as obras - e o Pedro, com as mangas da camisa cada vez mais arregaçadas, por trás do balcão, não cessava de encher os decilitros com uma vasta infusa.

Jacinto, que agora tinha dois cavalos, todas as manhãs cedo percorria as obras, com amor. E eu, inquieto, sentia outra vez latejar e irromper no meu Príncipe o seu velho, maníaco furor de acumular Civilização! O plano primitivo das obras era incessantemente alargado, embelezado. Nas janelas, que deviam ter apenas portadas, segundo o secular costume da serra, decidira pôr vidraças, apesar de o mestre de obras lhe dizer honradamente, que depois de habitadas um mês, não haveria casa com um só vidro. Parasubstituir as traves clássicas queria estucar os tetos - e eu via bem claramente que ele se continha, se retesava dentro do bom senso, para não dotar cada casa com campainhas elétricas. Não me espantei mesmo, quando ele uma manhã me declarou que aquela porcaria da gente do campo provinha de eles não terem onde comodamente se lavar, e que por isso andava pensando em dotar cada casa com uma banheira. Descíamos nesse momento, com os cavalos à rédea, por um córrego precipitado e escabroso; um vento leve ramalhava nas árvores, um regato saltava ruidosamente entre as pedras. Eu não me espantei - mas realmente me pareceu que as pedras, o arroio, as ramagens e o vento se riam alegremente do meu Príncipe. - E além destes confortos, a que o João, mestre de obras, com os olhos loucamente arregalados, chamava «as grandezas», Jacinto meditava o bem das almas. já encomendara ao seu arquiteto, em Paris, o plano perfeito de uma escola, que ele queria erguer,

naquele campo da Carriça, junto à capelinha que abrigava «os ossos».

<< Página Anterior

pág. 191 (Capítulo 11)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Cidade e as Serras
Páginas: 238
Página atual: 191

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 26
CAPÍTULO IV 41
CAPÍTULO V 62
CAPÍTULO VI 75
CAPÍTULO VII 88
CAPÍTULO VIII 105
CAPÍTULO IX 144
CAPÍTULO X 177
CAPÍTULO XI 188
CAPÍTULO XII 195
CAPÍTULO XIII 201
CAPÍTULO XIV 212
CAPÍTULO XV 220
CAPÍTULO XVI 223