Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: CAPÍTULO XII

Página 196
Mas, mal eu me chegara à varanda, apareceu justamente na volta. da estrada Jacinto, de grande chapéu de palha, na sua égua, seguido do Grilo, que se escarranchava, sobre o albardão da velha égua do Melchior, também de chapéu de palha, e abrigado sob um imenso guarda-sol verde. Atrás, um rapaz com uma maleta à cabeça. E eu, na alegria de avistar enfim o meu Príncipe trotando para a minha casa de aldeia, no dia dos meus trinta e seis anos, pensava noutro natalício, no dele, em Paris, no 202, quando, entre todos os esplendores da Civilização, nós bebemos tristemente ad manes, aos nossos mortos!

- Salve! - gritei da varanda. - Salve, domine Jacinthe! E entoei para o acolher, num alegre tarantantan, o «Hino da Carta»! - Isto por aqui também é lindo! - gritou ele de baixo. E o teu palácio tem um soberbo ar... Por onde é a porta?

Mas eu já me precipitava para o pátio - onde Jacinto, apeando, contou alegremente os tormentos do Grilo, que nunca montara a cavalo, e não cessara de berrar perante os perigos daquela aventura.

E o digno preto, ofegante, lustroso de suor, e lívido sob o esplendor da sua negrura, exclamava, apontando com a mão trémula para a pobre égua, que solta, de cabeça pensativa, parecia de pedra, sobre as patas mais imóveis que marcos:

- Pois se o siô Fernandes visse! Uma fera, que nunca veio quieta. Sempre para a esquerda, sempre para a direita, Pé aqui, pé além! Só para me sacudir! Só para me sacudir!

E não resistiu. Com a ponta do guarda-sol atirou uma pontoada vingativa contra a égua, sobre o albardão.

Subindo a escadaria ligeira, penetrando no alegre corredor, com a sua janela ao fundo engrinaldada de roseirinhas, Jacinto louvava grandemente a nossa casa, que o repousava das rijas muralhas, das grossas portas feudais de Tormes.

<< Página Anterior

pág. 196 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Cidade e as Serras
Páginas: 238
Página atual: 196

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 26
CAPÍTULO IV 41
CAPÍTULO V 62
CAPÍTULO VI 75
CAPÍTULO VII 88
CAPÍTULO VIII 105
CAPÍTULO IX 144
CAPÍTULO X 177
CAPÍTULO XI 188
CAPÍTULO XII 195
CAPÍTULO XIII 201
CAPÍTULO XIV 212
CAPÍTULO XV 220
CAPÍTULO XVI 223