A Cidade e as Serras - Cap. 12: CAPÍTULO XII Pág. 197 / 238

E no seu quarto agradeceu os cuidados maternais da tia Vicência, que enchera de flores os dois vasos da China sobre a cómoda, e adornara a cama com uma das nossas colchas da Índia mais ricas, cor de canário, com grandes aves de ouro. Eu sorria, enternecido. Então estreitámos os ossos num grande abraço,

pelo natalício... «Trinta e oito, hem, Zé Fernandes?» - «Trinta e quatro, animal!» E o meu Príncipe abrindo logo a mala, sóbria maleta de filósofo, ofereceu os «nobres presentes, que são devidos», como diz sempre o astuto Ulisses na «Odisseia». Era um alfinete de gravata, de safira, uma cigarreira de aço fosco, com um florido ramo de macieira em delicado esmalte, uma faca para livros de velho lavor chinês. Eu protestava contra a prodigalidade.

É tudo das malas de Paris... Mandei-as abrir ontem à noite. E tomei a liberdade de trazer esta lembrança à tua tia Vicência. Não vale nada... É só por ter pertencido à princesa de Lamballe.

Era uma caldeirinha de água benta, em prata lavrada, de um gosto florido e quase galante.

- A tia Vicência não sabe quem é a princesa de Lamballe, mas fica encantada! E é uma garantia, porque ela suspeita da tua religião, como homem de Paris, da terra das impiedades... E agora, lavar, escovar, e almoçar!

A tia Vicência pareceu toda surpreendida, e logo encantada com o meu camarada, que ela supusera realmente um príncipe, arrogante, escarpado e difícil. Quando ele lhe ofereceu a caldeirinha, com um delicado pedido «para se lembrar dele nas suas orações», duas largas rosas, mais róseas e frescas que as rosas que enchiam a mesa, cobriram as faces redondas da boa senhora, que nunca recebera tão piedoso presente, com tão linda expressão. Mas o que sobretudo a cativou foi o tremendo apetite de Jacinto,





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