Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 2: CAPÍTULO II

Página 23
.. Já me sucedeu inutilizar cartas por as ter sujado com dedadas de sangue. É uma maçada!

Então, como o meu amigo espreitara novamente o relógio monumental, não lhe quis retardar a consolação da ducha e da malva-rosa.

- Bem, Jacinto, já te revi, já me contentei... Agora até amanhã, com as malas. - Que diabo, Zé Fernandes, espera um momento... Vamos pela sala de jantar. Talvez te tentes!

E, através da Biblioteca, penetrámos na sala de jantar - que me encantou pelo seu luxo sereno e fresco. Uma madeira branca, lacada, mais lustrosa e macia que cetim, revestia as paredes, encaixilhando medalhões de damasco cor de morango, de morango muito maduro e esmagado; os aparadores, discretamente lavrados em florões e rocalhas, resplandeciam com a mesma laca nevada; e damascos amorangados estofavam também as cadeiras, brancas, muito amplas, feitas para a lentidão de gulas delicadas, de gulas intelectuais.

- Viva o meu Príncipe! Sim senhor... Eis aqui um comedouro muito compreensível e muito repousante, Jacinto!

- Então janta, homem! Mas já eu me começava a inquietar, reparando que a cada talher correspondiam seis garfos, e todos os feitios astuciosos. E mais me impressionei quando Jacinto me desvendou que era um para as ostras, outro para o peixe, outro para as carnes, outro para os legumes, outro para as frutas, outro para o queijo. Simultaneamente, com uma sobriedade que louvaria Salomão, só dois copos, para dois vinhos: - um bordéus rosado em infusas de cristal, e champanhe gelando dentro de baldes de prata. Todo um aparador vergava sob o luxo redundante, quase assustador de águas - águas oxigenadas, águas carbonatadas, águas fosfatadas, águas esterilizadas, águas de sais, outras ainda, em garrafas bojudas, com tratados terapêuticos impressos em rótulos.

<< Página Anterior

pág. 23 (Capítulo 2)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Cidade e as Serras
Páginas: 238
Página atual: 23

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 26
CAPÍTULO IV 41
CAPÍTULO V 62
CAPÍTULO VI 75
CAPÍTULO VII 88
CAPÍTULO VIII 105
CAPÍTULO IX 144
CAPÍTULO X 177
CAPÍTULO XI 188
CAPÍTULO XII 195
CAPÍTULO XIII 201
CAPÍTULO XIV 212
CAPÍTULO XV 220
CAPÍTULO XVI 223