- E Vossa Alteza, em Paris, com demora? O formidável homem baixou à face, franzida e confidencial: - Nenhuma. Paris já se não aguenta... Está estragada, positivamente estragada... Nem se come! Agora é o Ernest, da Praça Gaillon, o Ernest, que era mâitre-d'hotel do Maire. já lá comeu? Não? Um horror. Tudo é o Ernest, agora! Onde se come? No Ernest. Qual! Ainda esta manhã lá almocei... Um horror! Uma salada Chambord... falhada, indecentemente falhada!. Não tem, não tem a noção da salada! Paris foi! Teatros, uma manada. Mulheres, tudo melado, Não há nada! Ainda assim, num daqueles teatritos de Montmartre, na Roulotte, há uma revista, que se vê;
«Para cá as Mulheres» - engraçada, bem despida - A Celestine tem uma cantiga, meio sentimental, meio porca, o «Amor no Water-Closet» que diverte, tem topete... Onde está, Fernandes?
- No Grand-Hotel, meu senhor. - Sofrível barraca... E o seu rei sempre bom? Curvei a cabeça: - Sua Majestade, sempre bem. - Ainda bem, Fernandes, tive prazer... Esse Jacinto é que me desola! Pois vá ver a revista... Boas pernas, a Celestine... E tem graça o tal «Amor no Water-Close».
Um rijíssimo aperto de mão, - e Sua Alteza subiu pesadamente pua a vitória, ainda com um aceno amável, que me penhorou... Excelente homem, este grão-duque! Mais reconciliado com Paris, atravessei para os Campos Elísios. Em toda a sua nobre e formosa largueza, toda verde, com os castanheiros em flor, corriam, subindo, descendo, velocípedes. Parei a contemplar aquela fealdade nova, estes inumeráveis espinhaços arqueados, e gâmbias magras, pedalando escarranchados sobre duas rodas. Velhos gordos, de cachaço escarlate, pedalavam, gordamente. Calfarros esguios, de gâmbias finas, fugiam numa linha esfuziada.