Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: CAPÍTULO IV

Página 59
E como, do outro lado, o rapaz de penugem loura insistia pela destruição do velho mundo, também concordei, e, sorvendo o champanhe coalhado em sorvete, maldissemos o Século, a Civilização, todos os orgulhos da Ciência! Através das flores e das luzes, no entanto, eu seguia as ondas arfantes do vasto peito de Madame Verghane, que ria como uma bacante. E nem me apiedava de Jacinto que, com a doçura de S. Jacinto sobre o cepo, esperava o fim do seu martírio e da sua festa.

Ela findou. Ainda recordo, às três horas da noite, o grão-duque na antecâmara, muito vermelho, mal firme nos pés pequeninos, sem acertar com as mangas da peliça que Jacinto e eu lhe ajudámos a enfiar - convidando o meu amigo, numa efusão carinhosa, a ir caçar às suas terras da Dalmácia...

- Devo ao meu Jacinto uma bela pesca, quero que ele me deva uma bela caçada! E enquanto o acompanhávamos, entre as alas dos escudeiros, pela vasta escada onde o mordomo o precedia erguendo um candelabro de três lumes, Sua Alteza repisava, pegajoso:

- Uma bela caçada... E também vai Fernandes! Bom Fernandes, Zé Fernandes! Ceia superior, meu Jacinto! O «Barão de Pauillac», divino!... Creio que o devemos nomear duque... O Senhor Duque de Pauillac! Mais um bocado da perna do Senhor Duque de Pauillac. Ah! Ah!... Não venham fora! Não se constipem!

E do fundo do coupé, ao rodar, ainda bradou: - O peixe, Jacinto, desencalha o peixe! Excelente, ao almoço, frio, com molho verde!

Trepando cansadamente os degraus, numa moleza de champanhe e sono em que os olhos se me cerravam, murmurei para o meu Príncipe:

- Foi divertido, Jacinto! Sumptuosa mulher, a Verghane! Grande pena, o elevador...

E Jacinto, num som cavo que era bocejo e rugido: - Uma maçada! E tudo falha!

Três dias depois desta festa no 202 recebeu o meu Príncipe inesperadamente, de Portugal, uma nova considerável.

<< Página Anterior

pág. 59 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Cidade e as Serras
Páginas: 238
Página atual: 59

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 26
CAPÍTULO IV 41
CAPÍTULO V 62
CAPÍTULO VI 75
CAPÍTULO VII 88
CAPÍTULO VIII 105
CAPÍTULO IX 144
CAPÍTULO X 177
CAPÍTULO XI 188
CAPÍTULO XII 195
CAPÍTULO XIII 201
CAPÍTULO XIV 212
CAPÍTULO XV 220
CAPÍTULO XVI 223