Nunca ouvi conversador mais fluente ou homem de maior cultura geral. Com louvável modéstia, coibiu-se, porém, de aflorar o tema que nessa precisa ocasião me era mais caro: refiro-me às misteriosas circunstâncias relacionadas com a guerra dos Bugaboos; por minha parte, aquilo que considero um adequado sentido da delicadeza impedia-me de abordar o assunto, conquanto, para dizer a verdade, me sentisse extremamente tentado a fazê-lo. Notei igualmente que o galhardo soldado preferia temas de natureza filosófica e se deleitava particularmente em comentar o rápido progresso das invenções mecânicas. De facto, para onde quer que eu conduzisse a conversa, tratava-se de um tópico ao qual ele invariavelmente regressava.
- Não há coisa que se lhe compare - dizia -; somos um povo maravilhoso e vivemos numa época maravilhosa. Pára-quedas e caminhos-de-ferro; armadilhas e ratoeiras a fogo! Os nossos vapores sulcam todos os oceanos e o balão de Nassau está prestes a iniciar carreiras regulares (e a tarifa em qualquer dos sentidos é apenas de vinte libras esterlinas) entre Londres e Tombuctu. E quem poderá calcular a imensa influência na vida social, nas artes, no comércio, na literatura, que resultará imediatamente dos grandes princípios do electromagnetismo? E isto não é tudo, deixe que lhe diga! Não há realmente limites para o progresso das invenções. Os mais maravilhosos, os mais engenhosos e, permita-me que acrescente, Mr.... Mr.... Thompson, creio que é o seu nome, permita-me que acrescente, dizia eu, os mais úteis, os mais verdadeiramente úteis dispositivos mecânicos surgem a cada dia como cogumelos, se assim me posso exprimir, ou, mais figurativamente, como... hum… gafanhotos… como gafanhotos,
Sr. Thompson... por toda a parte e… ah, ah, ah… à nossa volta!