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Capítulo 1: O poço e o pêndulo

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A atmosfera era intoleravelmente pesada. Deixei-me ficar deitado imóvel, e fiz um esforço para raciocinar. Lembrei-me do processo inquisitorial, e tentei deduzir a partir daí a minha verdadeira situação. A sentença fora proferida e parecia-me que tinha passado muito tempo desde então. Nem por um instante, porém, imaginei que estava morto. Tal suposição, apesar de todas as ficções literárias, é totalmente incompatível com a vida real - mas onde estava eu e que situação era a minha? Sabia que os condenados à morte morrem geralmente nos autos-de-fé e realizara-se uma dessas cerimónias na noite do dia do meu julgamento. Ter-me-iam trazido de volta para a minha masmorra para esperar o próximo sacrifício, que só daí a meses se realizaria? Vi imediatamente que tal não era possível. As vítimas eram executadas imediatamente; além disso a minha primeira cela, como todas as celas de condenados em Toledo, tinha chão de pedra e a luz não estava totalmente ausente.

Uma ideia terrível atirou-me bruscamente torrentes de sangue ao coração e durante um breve período voltei a ficar insensível. Quando voltei a mim levantei-me de um salto, tremendo convulsivamente em cada fibra do meu corpo. Loucamente estendi os braços em todas as direcções. Não sentia nada; contudo temia dar um passo não fosse bater contra as paredes de um túmulo. O suor brotava-me de todos os poros e cobria-me a testa em grossas gotas. A agonia da incerteza tornou-se finalmente insuportável e avancei cuidadosamente, de braços estendidos e olhos exorbitados na esperança de entrever algum raio de luz. Dei vários passos; mas tudo era escuridão e vazio. Respirei mais livremente. Parecia-me evidente que o meu não era, pelo menos, o mais hediondo dos destinos.

E então, enquanto continuava a avançar cautelosamente, mil vagos boatos sobre os horrores de Toledo assaltaram-me o espírito.

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Capa do livro O Poço e o Pêndulo
Páginas: 20
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Os capítulos deste livro:
O poço e o pêndulo 1