O Poço e o Pêndulo - Cap. 1: O poço e o pêndulo Pág. 9 / 20

E também não podia esquecer o que lera acerca de tais poços - que a súbita extinção da vida não fazia parte dos seus mais horrendos planos.

A agitação do espírito manteve-me acordado durante longas horas; mas, finalmente, acabei por dormitar. Ao acordar encontrei ao meu lado, como antes, um pão e um jarro de água. Uma sede ardente consumia-me e de um golo só esvaziei o jarro. Devia estar drogado; porque mal acabara de beber fiquei irresistivelmente atordoado. Adormeci profundamente - um sono semelhante à morte. Quanto tempo durou, não imagino; mas, quando voltei a abrir os olhos, os objectos que me rodeavam eram visíveis. Graças a uma luminosidade estranha, sulfurosa, cuja origem não pude de começo determinar, pude ver o tamanho e o aspecto da minha prisão.

Enganara-me redondamente acerca das suas dimensões. O circuito total das paredes não tinha mais de vinte e cinco jardas. Durante alguns minutos este facto causou em mim um mundo de inútil apreensão, inútil de verdade! Porque poderia ter menos importância, nas terríveis circunstâncias em que me encontrava, que as meras dimensões da minha cela? Mas a minha alma interessava-se bizarramente por ninharias e fiz um profundo esforço para compreender que erro teria cometido nas minhas medições. Finalmente a verdade apareceu-me como num relâmpago. Na minha primeira tentativa de exploração contara cinquenta e dois passos até ao momento em que caíra; devia estar então a um ou dois passos do fragmento de burel; de facto quase completara o circuito da cripta. Adormecera, então, e ao acordar devia ter voltado atrás pelo mesmo caminho - calculando assim o circuito como sendo o dobro do que realmente era. A confusão em que se encontrava o meu espírito impedira-me de ver que começara com a parede à minha esquerda e terminara com a parede à minha direita.





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