Os Crimes da Rua Morgue - Cap. 1: Os crimes da Rua Morgue Pág. 12 / 42

da casa sem que se descobrisse mais alguma coisa, o grupo dirigiu-se a um pequeno pátio nas traseiras do edifício, onde jazia o cadáver da velha senhora, com o pescoço tão perfeitamente cortado que ao tentarem levantá-lo a cabeça se separou do tronco. O corpo, assim como a cabeça, encontrava-se terrivelmente mutilado - a pontos de quase não parecer uma forma humana.

Até este momento não foi encontrada ainda qualquer pista que possa levar à solução do mistério.

No dia seguinte o jornal acrescentava novos pormenores:

A TRAGÉDIA DA RUA MORGUE. - Foram interrogados já sobre este extraordinário e terrível caso vários indivíduos mas, até agora, nada se apurou que o pudesse esclarecer. Transcrevemos em seguida os depoimentos obtidos.

Pauline Dubourg, lavadeira. Conhecia as vítimas há três anos, pois lavava a roupa da casa desde essa altura. A velha senhora e a filha pareciam dar-se bem - muito afeiçoadas uma à outra. Eram boas freguesas e pontuais no pagamento. Não sabia qual o tipo de vida que levavam nem quais os seus rendimentos. Parecia-lhe que Madame L’Espanaye lia a sina. Tinha fama de ter dinheiro. Nunca encontrou visitas em casa quando ia levar ou buscar a roupa. Tinha a certeza de que não tinham criadas. Parecia-lhe também que, exceptuando o quarto andar, o resto da casa não estava mobilada.

Pierre Moreau, vendedor de tabaco. Era fornecedor de pequenas quantidades de tabaco e rapé a Madame L’Espanaye desde há cerca de quatro anos. Nasceu no bairro e sempre ali viveu. A defunta e a filha viviam na casa em que foram encontrados os seus cadáveres há mais de seis anos. Anteriormente a casa estivera ocupada por um joalheiro, que alugava os quartos superiores a várias pessoas. A casa era propriedade de Madame L’Espanaye.





Os capítulos deste livro