Os Crimes da Rua Morgue - Cap. 1: Os crimes da Rua Morgue Pág. 18 / 42

Uma tranca de madeira ou uma grande alavanca de ferro, uma cadeira, qualquer arma grande, pesada e contundente, poderia produzir aqueles resultados se manejada por um homem extraordinariamente robusto. Uma mulher nunca poderia ter feito aquilo, qualquer que fosse a arma utilizada. A cabeça da morta, quando a testemunha a viu, estava inteiramente separada do corpo e apresentava também ferimentos horríveis. A garganta fora obviamente cortada com um instrumento muito afiado, provavelmente uma navalha.

Alexandre Etienne, cirurgião. Foi chamado ao mesmo tempo que o Dr. Dumas para examinar os cadáveres. Confirma o depoimento e as opiniões do Dr. Dumas.

Embora várias outras pessoas tenham sido interrogadas, nada mais se conseguiu apurar. Um crime tão misterioso e intrigante nunca fora cometido em Paris - se é que de crime se trata. A polícia está desorientada - o que é raro em casos desta natureza. Não se consegue descobrir o menor indício que possa levar à solução de tão intrincado problema.

Na edição da tarde do jornal lia-se que o Quartier St. Roch continuava em efervescência - que o local do crime tinha sido examinado de novo e interrogadas novas testemunhas, sem qualquer resultado. Em pós-escrito anunciava-se a prisão de Adolphe Le Bon - embora nada tivesse surgido que o incriminasse para além dos factos já mencionados.

Dupin mostrava-se singularmente interessado na evolução deste caso - pelo menos foi o que a sua atitude me deu a entender, pois não fez qualquer comentário. Foi só depois de saber da prisão de Le Bon que me perguntou a minha opinião a respeito dos crimes.

Limitei-me a concordar com o que toda a gente dizia em Paris, ou seja que me parecia um mistério insolúvel, e que não via meios de descobrir o assassino.





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