»Lembra-te de que se falei numa agilidade excepcional como sendo indispensável para conseguir realizar uma façanha tão arriscada e difícil. O meu objectivo é começar por mostrar-te que a coisa pode ter sido feita, mas em segundo lugar, e principalmente, quero que compreendas o carácter extraordinário, quase sobrenatural, da agilidade necessária para a realizar.
»Não há dúvida de que poderás dizer-me, utilizando a linguagem da lei, que para «provar o meu caso» mais me valia calcular para menos a energia necessária ao caso que tentar apreciá-la com exactidão. Talvez seja esta a prática da lei, mas não é o costume da razão. O meu objectivo final é a verdade. O meu objectivo imediato é levar-te a justapor a agilidade excepcional de que te falei à tal estranhíssima voz aguda (ou áspera) sobre cuja origem não há dois testemunhos coincidentes é em que ninguém conseguiu compreender uma única sílaba.
Ao ouvir estas palavras atravessou-me o espírito uma ideia vaga e embrionária sobre o que Dupin tentava dizer-me.